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quarta-feira, novembro 20, 2024

Validação de Metodologia Analítica para Quantificação de Cápsulas de Norfloxacino

As farmácias com manipulação têm representado alternativa ao cumprimento de esquemas terapêuticos proporcionando à população o acesso a fórmulas oficinais e fórmulas personalizadas, manipulando fármacos de praticamente todas as categorias terapêuticas, por preços muito mais acessíveis. De acordo com a RDC n 67, de 08 de outubro de 2007, as farmácias de manipulação devem assegurar a qualidade físico-química e microbiológica dos produtos manipulados antes de sua dispensação, pois a responsabilidade dos produtos farmacêuticos é do fabricante, que deverá assegurar a confiabilidade dos mesmos com relação aos fins para os quais tenham sidos produzidos, não colocando os pacientes em risco, em função de sua falta de segurança, qualidade e eficácia. O norfloxacino, fármaco que atua bloqueando a síntese de DNA bacteriano pela inibição da DNA girase, tem sido recomendado com freqüência para infecções urinárias, sendo a manipulação um dos processos utilizados para a fabricação do medicamento. A validação de um método analítico para quantificação de fármacos em formas farmacêuticas consiste em estabelecer os parâmetros de desempenho analítico do método proposto devendo apresentar seletividade, linearidade, precisão, exatidão e robustez, o que vem contribuir com a fonte produtora mostrando à aplicação dos princípios de boas práticas de manipulação e de controle. Face ao exposto, o presente trabalho tem por objetivo validar metodologia analítica, empregando a espectrofotometria na região do ultravioleta, para a quantificação de norfloxacino, na forma farmacêutica cápsula, manipulado em farmácias de Alfenas e região. Os resultados esperados englobam a proposição de técnica fácil, rápida e econômica para quantificação de norfloxacino e a garantia da qualidade de medicamentos manipulados com esse fármaco.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. JUSTIFICATIVA
3. OBJETIVO
4. REVISÃO DA LITERATURA
4.1 Validação do método
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1 Material
5.1.1 Padrões de Produtos Farmacêuticos
5.1.2 Reagentes
5.1.3 Equipamentos
5.1.4 Produtos Farmacêuticos e Substâncias Químicas Referência
5.2 Métodos
5.2.1 Validação da metodologia analítica
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 
6.1 Validação da metodologia analítica
6.1.1 Varredura Espectral
6.1.2 Linearidade e Intervalo
6.1.3 Precisão
6.1.4 Robustez
6.1.5 Exatidão
6.1.6 Limite de Deteccção
6.Limite de Quantificação
6.1.8 Determinação do Peso Médio
6.1.9 Doseamento
7. CONCLUSÃO
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
9. Anexos

1 INTRODUÇÃO

Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), 28% dos pacientes entes sob algum tratamento farmacológico apresentam efeitos adversos ao medicamento, constatados por exames laboratoriais. 5% destes pacientes são internados em razão do efeito adverso e 50% dos pacientes hospitalizados apresentam efeito colateral, ocorrendo entre estes 5% de falecimento (MARQUES, 2005).
Essas doenças oriundas do medicamento podem causar a morte ou, quando não, gerar transtornos ao paciente e acarretar prejuízos aos sistemas públicos e privados de saúde (MARQUES, 2005).
Dessa maneira, a promoção do uso racional dos medicamentos tem sido uma das principais diretrizes preconizadas pela OMS no sentido de orientar as políticas nacionais de medicamentos. Para alcançar este objetivo é fundamental a participação ativa e consciente dos profissionais responsáveis pela produção, prescrição e dispensação dos medicamentos (médicos, dentistas e farmacêuticos), além da ampla disseminação junto à população de informações corretas para a qual tem importância estratégica à participação de todos os profissionais da área da saúde. 
As farmácias de manipulação devem assegurar a qualidade físico-química e microbiológica dos produtos manipulados antes de sua dispensação, pois a responsabilidade dos produtos farmacêuticos é do fabricante, que deverá assegurar a confiabilidade dos mesmos com relação aos fins para os quais tenham sidos produzidos, não colocando os pacientes em risco, em função de sua falta de segurança, qualidade e eficácia.

2 JUSTIFICATIVA

Historicamente, a manipulação é parte integrante da prática farmacêutica de acordo com a lei n 5991/ 73 (BRASIL, 1973). A farmácia sempre exerceu, em todos os tempos, como ainda exerce, uma importantíssima função social, mormente, no Brasil, onde, nos velhos tempos, foi um centro de irradiação cultural de destacada importância (JÚNIOR, 1992).
As farmácias com manipulação têm representado alternativa ao cumprimento de esquemas terapêuticos, pois além de proporcionarem à população o acesso a fórmulas oficinais e a formas personalizadas, manipulam fármacos de praticamente todas as categorias terapêuticas, por preços muito mais acessíveis.
Segundo as Boas Práticas para Fabricação de Produtos Farmacêuticos (BRASIL, 2007), a responsabilidade pela qualidade dos produtos farmacêuticos é do fabricante, que deverá assegura a confiabilidade dos mesmos com relação aos fins para os quais tenham sido produzidos, não colocando os pacientes em risco, em função de sua falta de segurança, qualidade e eficácia. 
O controle de qualidade é fundamental para manter o cliente satisfeito com o produto adquirido, bem como o estabelecimento com o seu bom nome. Por outro lado, a implementação de sistemas de controle de qualidade em farmácias com manipulação, em curto prazo, encontra certa limitação, quando se deparam com os custos de equipamentos utilizados, pois nas indústrias farmacêuticas utilizam-se equipamentos sofisticados de alto custo, como cromatógrafos a líquido, gasoso, espectrofotômetros no infravermelho, dissolutores, dentre outros.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária aprovou o regulamento técnico sobre Boas Praticas de Manipulação de Medicamentos em Farmácias e publicou a RESOLUÇÃO RDC N. 67, de 08 de outubro de 2007 (BRASIL, 2007) que estabelece as condições gerais, e obriga as farmácias a implementar as boas práticas de manipulação e sistemas de garantia de qualidade em seus estabelecimentos.
A química analítica tem papel fundamental na garantia da qualidade e na confiabilidade dos produtos elaborados pelas empresas de medicamentos. Portanto é plenamente justificável que o método analítico empregado deva ser confiável, exato, preciso, comparável e economicamente viável (SANTORO, 1988). 
Considerando a utilidade da técnica espectrofotométrica na determinação de analitos, justificada pela manutenção do equipamento, rapidez, diminuição de custos e tempo com obtenção de resultados confiáveis, esse trabalho busca validar metodologia analítica para norfloxacino na forma farmacêutica cápsulas manipuladas em farmácias, utilizando a espectrofotometria na região do ultravioleta, tendo em vista os parâmetros de validação para quantificação de ativo em formas farmacêuticas apresentados pela regulamentação da ANVISA (BRASIL, 2003).

3 OBJETIVO

O presente trabalho tem por objetivo geral validar metodologia analítica, utilizando a técnica da espectrofotometria na região do ultravioleta, para quantificação de norfloxacino 400 mg produzido na forma farmacêutica de cápsulas por farmácias de manipulação. 
Como objetivo específico, temos que garantir, por meio de estudos experimentais, que a metodologia validada atenda às exigências das aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. Para tanto, deve se estabelecer parâmetros de seletividade, linearidade, precisão, exatidão e robustez para definição das condições para análise rotineira do norfloxacino nas amostras manipuladas.

4 REVISÃO DE LITERATURA

O trato urinário é um dos locais mais comuns de infecção bacteriana, particularmente em mulheres; 10 a 20% das mulheres têm uma infecção urinária (ITU) em alguma época de suas vidas e um número significante apresenta infecções recorrentes. Embora a maioria das infecções seja aguda e de curta duração, elas contribuem para uma taxa significante de morbidade na população. As infecções graves resultam em perda da função renal e em seqüelas graves e permanentes (MIMS, 1999) 
O norfloxacino (Ácido 1- etil- 6- flúor-1,4 diidro-4-oxo-7-(1-piperazinil)-3-quinolino carboxílico) (FIGURA 1) é um derivado quinolônico do ácido nalidíxico, liberado nos Estados Unidos no início de 1987. A adição de um átomo de flúor na posição 6 aumenta extraordinariamente a atividade antibacteriana das quinolonas contra estafilococos, e a adição de um grupo piperazinila na posição 7 aumenta a atividade contra bactérias Gram- negativas, mantendo essa configuração e adicionando um grupo ciclo propílico na posição N-1 confere-se uma maior potência contra as Enterobacteriaceae e Pseudomonas aeruginosa (FIGURA 1) (SILVA, 2002).
As quinolonas inibem a síntese de DNA bacteriano, ocasionando a morte da bactéria. O alvo bioquímico desses fármacos é a inibição da atividade da enzima DNA girase. A função dessa enzima é requerida para a replicação do DNA e para certos aspectos envolvidos na transcrição, reparo do DNA, recombinação e transposição. As quinolonas ligam-se especificamente à subunidade A da DNA girase, embora alguns estudos indiquem que elas possam se ligar a subunidade B sob certas condições e também ao DNA (SILVA, 2002; KOROLKOVAS, 2006).
O norfloxacino 400 mg, administrado por via oral, duas vezes ao dia , mostra-se eficaz nas infecções do trato urinário, mesmo quando causadas por bactérias resistentes a múltiplas drogas, como, por exemplo, Pseudomonas. Também possui eficácia para o para o tratamento da diarréia bacteriana causada por Shigella, Salmonella, E. coli toxicogênica ou Campylobacter (KATSUNG, 2003).
O norfloxacino distribui-se amplamente nos tecidos e líquidos corporais e nas células humanas, penetra nos macrófagos alveolares e polimorfonucleares, podendo destruir as bactérias intracelulares. Esse fármaco tem elevada concentração intracelular em neutrófilos humanos alcançando concentrações de 7-14 vezes mais elevadas em neutrófilos humanos quando comparados ao fluido extracelular (SILVA, 2002).
Dentre as fluoroquinolonas o norfloxacino é o que sofre a menor absorção gastrintestinal, porém a biodisponibilidade, após administração oral, é superior a 80%. A presença de alimentos no estômago retarda a absorção do fármaco, e o pico de concentração sérica aparece mais tardiamente, encontrando-se mais baixo. A absorção oral ainda é reduzida pela administração concomitante de antiácidos à base de hidróxido de alumínio ou de magnésio, bloqueadores de receptores H2 (ranitidina), sulfato ferroso, zinco, cálcio, resinas trocadoras de íons que contenham alumínio e por fármacos que diminuem o peristaltismo ou retardam o tempo de esvaziamento gástrico (SILVA, 2002; KOROLKOVAS, 2006).
Talvez a propriedade mais importante de um agente antibacteriano seja a capacidade do agente causar dano para célula bacteriana sem danificar a célula humana, princípio esse conhecido como toxicidade seletiva. Embora ambas as células, humana e bactéria possuam um DNA de duplo filamento, ocorrem diferenças fundamentais na forma de organização do DNA nestes dois tipos de células. Por outro lado, as células humanas não têm DNA girase; entretanto, e sim a topoisomerase tipo II, que, de forma similar à DNA girase bacteriana, pode romper e resselar o duplo filamento de DNA. Entretanto, diferentemente da DNA girase bacteriana, a enzima dos mamíferos é composta de somente duas subunidades, e não de quatro, como acontece nas células bacterianas. As quinolonas só inibem a topoisomerase tipo II das células eucarióticas em concentrações muito mais elevadas do que as requeridas para a atividade antibacteriana (SILVA, 2002).
Durante a terapia com fluoroquinolonas, verifica-se o aparecimento de microrganismos resistentes numa freqüência de cerca de um em 107-109 especialmente entre estafilococos, Pseudomonas e Serratia. A resistência decorre de uma ou mais mutações puntiformes na região de ligação da quinolona na enzima alvo ou de uma alteração na permeabilidade do microrganismo. A DNA girase constitui o alvo primário em E. coli, e os mutantes apresentam uma substituição de aminoácido na subunidade A da girase. A topoisomerase IV constitui um alvo secundário em E. coli e encontra se alterada em mutantes que expressam maiores níveis de resistência. Nos estafilococos e estreptococos, a situação é invertida: a topoisomerase IV é habitualmente o alvo primário, e a girase, o alvo secundário. A resistência a uma fluoroquinolona, em particular quando de alto nível, geralmente confere resistência cruzada a todos os outros membros dessa classe (KATSUNG, 2003).
Segundo dados obtidos no Reino Unido, os efeitos adversos do norfloxacino parecem ocorrer com menor freqüência, em relação a outras quinolonas do mesmo grupo. Os efeitos adversos mais comuns incluem distúrbios gastrintestinais em até 8% dos casos (náusea, vômito, diarréia, dor abdominal) e erupções cutâneas, incluindo fotosensibilidade, em 1-2%. Os distúrbios no SNC podem ser graves: podem ocorrer cefaléia, tontura, cansaço inquietação, confusão, depressão, alucinações e epilepsia. As provas de função hepática são anormais em até 5% dos casos, e, em certas ocasiões verifica-se o desenvolvimento de hepatite e icterícia. Outros efeitos adversos menos comuns incluem anemia hemolítica e hipoglicemia. Raramente podem causar lesão renal (SMITH, 2004).

4.1 Validação do método

O objetivo da validação do método é demonstrar que o método é apropriado para a finalidade pretendida. Para a garantia da qualidade analítica dos resultados, todos os equipamentos utilizados na validação devem estar devidamente calibrados e os analistas devem ser qualificados e adequadamente treinados (BRASIL, 2003)
Resolução RE nº 899, de 29/05/2003 determina que a validação deve garantir, por meio de estudos experimentais, que o método atenda às exigências das aplicações analíticas, assegurando a confiabilidade dos resultados. Para isso, deve apresentar especificidade, linearidade, intervalo, precisão, sensibilidade, limite de quantificação, limite de detecção e exatidão adequados à análise. Dentre os parâmetros a serem considerados na validação do ensaio tem-se: 
Linearidade: é a capacidade de um método analítico demonstrar que os resultados obtidos são diretamente proporcionais à concentração do analito na amostra, dentro de um intervalo especificado (BRASIL, 2003). 
Especificidade: é a capacidade que o método possui de medir exatamente um composto na presença de outros componentes (BRASIL, 2003)
Precisão: demonstra a concordância dos resultados das análises efetuadas ao longo de um dia, com diferentes analistas, aparelhos e laboratórios (também chamada repetibilidade ou reprodutibilidade). Pode ser verificada em pelo menos 2 lotes de 6 comprimidos a cada dois dias. A média de cada determinação será avaliada pelo desvio padrão relativo (coeficiente de variação) de uma série de medidas (BRASIL, 2003).
Limite de Detecção: é a menor quantidade do analito presente em uma amostra que pode ser detectado, porém não necessariamente quantificado, sob as condições experimentais estabelecidas (BRASIL, 2003).
Limite de Quantificação: é a menor quantidade do analito em uma amostra que pode ser determinada com precisão e exatidão aceitáveis sob as condições experimentais estabelecidas. O limite de quantificação é um parâmetro determinado, principalmente, para ensaios quantitativos de impurezas, produtos de degradação em fármacos e produtos de degradação em formas farmacêuticas e é expresso como concentração do analito (por exemplo, percentagem p/p ou p/v, partes por milhão) na amostra (BRASIL, 2003).
Robustez: é a medida de sua capacidade em resistir a pequenas e deliberadas variações dos parâmetros analíticos. Indica sua confiança durante o uso normal. Durante o desenvolvimento da metodologia, deve-se considerar a avaliação da robustez. Constatando-se a susceptibilidade do método à variações nas condições analíticas, estas deverão ser controladas e precauções devem ser incluídas no procedimento (BRASIL, 2003).
Exatidão: é a proximidade dos resultados obtidos pelo método em estudo em relação ao valor verdadeiro. Deve ser determinada após o estabelecimento da linearidade e da especificidade. É expressa pela relação entre a concentração média determinada e a concentração teórica correspondente (BRASIL, 2003).
Intervalo: é a faixa entre os limites de quantificação superior e inferior de um método analítico. Normalmente é derivado do estudo de linearidade e depende da aplicação pretendida do método. É estabelecido pela confirmação de que o método apresenta exatidão, precisão e linearidade adequadas quando aplicados a amostras contendo quantidades de substâncias dentro do intervalo especificado (BRASIL, 2003).

5 MATERIAL E MÉTODOS

5.1 Material

5.1.1 Padrões de produtos farmacêuticos

Norfloxacino substância química de referência
Cápsulas de norfloxacino manipuladas em farmácias que serão codificadas em A, B e C, respectivamente.

5.1.2 Reagentes

Ácido clorídrico pa (VETEC®)
Hidróxido de sódio pa (VETEC®)

5.1.3 Equipamentos

Para execução dos ensaios serão necessários os seguintes equipamentos
Balança eletrônica modelo 410 (Kern, Alemanha)
Aparelho de ultrassom modelo USC 2800 A (Unique, Brasil) 
Espectrofotômetro UV/Vis SHIMADZU, modelo UV- 1601 PC
Sistema de purificação de água TKA LAB-UPW

5.1.4 Produtos farmacêuticos e substância química de referência

Cloridrato de norfloxacino substância química de referência (SQR), cujo teor era de 99,58% (padrão primário)
Cápsulas de cloridrato de norfloxacino 400 mg, manipuladas pela farmácia A, FAB.: 21/09/09.
Cápsulas de cloridrato de norfloxacino 400 mg, manipuladas pela farmácia B, FAB.: 17/09/09 .
Cápsulas de cloridrato de norfloxacino 400 mg, manipuladas pela farmácia C, FAB.:18 /09/09.

5.2 Métodos

5.2.1 Validação da metodologia analítica

A validação de metodologia analítica é definida como sendo um processo através do qual estudos de laboratório são conduzidos para garantir que o método em questão atenda às exigências das especificações analíticas. A Resolução RE n 899 de 29 de maio de 2003 (BRASIL, 2003) estabelece os parâmetros de desempenho analítico a serem utilizados para validação de metodologia analítica para quantificação de ativo em forma farmacêutica, onde os parâmetros como linearidade, seletividade, precisão por repetibilidade e intermediária, exatidão e robustez devem ser avaliados, permitindo o julgamento de confiabilidade do método.

A preparação das soluções e a utilização dos parâmetros serão discutidos juntamente com os resultados.

6 RESULTADOS E DISCUSSÃO

6.1 Validação da metodologia analítica

6.1.1 Varredura Espectral

Escolha do solvente
O solvente satisfatório encontrado foi Hidróxido de Sódio
Varredura Espectral
Preparar solução de norfloxacino padrão com concentração final de 5 ¼g/mL e usar como solvente solução de hidróxido de sódio 0,1M, conforme procedimento abaixo:
Solução-mãe:
Pesar 2,5 mg de Norfloxacino padrão, solubilizar e completar com solvente para balão de 10 mL. 
Solução intermediária: 
Transferir 2 mL da solução-mãe para um balão de 10 mL. Completar com o solvente.
Solução final:
Transferir 1mL da solução intermediária para um balão de 10mL.
Proceder à varredura espectral das soluções em espectrofotômetro na região do ultravioleta utilizando o respectivo hidróxido de sódio como branco. Localizar o comprimento de máxima absorção.
Conclusão: O comprimento de onda escolhido foi 273nm, pois apresentou absorção ideal.

6.1.2 Linearidade e Intervalo

Preparo de solução – mãe de norfloxacino com concentração de 250¼g/mL. 
Pesar 12,5 mg de nofloxacino padrão primário, solubilizar e completar com solvente (NaOH 0,1M) para balão de 50mL. Desta solução transferiu-se 10 mL para um balão de 50 mL completando com o solvente, obtendo uma solução intermediária de concentração 50¼g/mL. À partir dessa solução preparou-se soluções das seguintes concentrações:

Proceder às leituras das soluções de norfloxacino em espectrofotômetro no comprimento de onda de 273nm.
Construir a curva de calibração plotando os valores das absorvâncias em função das concentrações médias dos cinco pontos.

Determinar a equação da reta e o coeficiente de correlação pelo método dos mínimos quadrados, bem como o desvio padrão relativo (DPR) para cada ponto da curva.

Onde:
n = número de soluções
S= desvio padrão
Xi = valor de cada unidade testada
= média dos valores testados
Valores aceitáveis:
DPR= menor que 2%
R= Próximo de 1

Pelos parâmetros apresentados na tabela é possível observar que a linearidade do método, obtida na faixa de concentração de 4,0 a 6,0µg/mL, apresenta coeficiente de correlação de 0,9997, com desvio padrão relativo entre as determinações menor que 2%, demonstrando haver excelente correlação linear entre os fatores independentes (concentrações dos padrões primários) e os fatores dependentes (absorvância no comprimento de onda de 223nm).

6.1.3 Precisão

Foram preparadas soluções de norfloxacino padrão primário, em sextuplicata, na concentração de 5 ¼g/mL. A leitura das absorbâncias das soluções foi realizada logo após o preparo das mesmas e também no final do dia. Foi calculado o DPR com os resultados obtidos. Foi obtido um valor de DPR inferior a 5%, e portanto, o método se mostrou preciso, conforme se observa na tabela abaixo:

6.1.4 Robustez

O método também foi avaliado quanto a sua robustez, ou seja, quanto a sua capacidade em resistir a pequenas variações nos parâmetros analíticos previsíveis na sua aplicação rotineira.
Foram preparadas soluções de norfloxacino padrão primário, em sextuplicata, na concentração de 5 mg/mL, porém variando-se o pH do solvente utilizado. Foi utilizado NaOH 0,05M e NaOH 0,15M.
A leitura das absorbâncias das soluções foi realizada logo após o preparo das mesmas. Foi calculado o DPR com os resultados obtidos:

como solvente, a 273,0 nm. .

Quando variou-se o pH do solvente não foram observadas grandes mudanças nos valores das leituras da absorvância, portanto, o método demonstrou ser robusto.

6.1.5 Exatidão

Avaliada através do método da adição de quantidades conhecidas de padrão nas amostras A, B e C respectivamente. A concentração da amostra e do padrão de norfloxacino iniciais era de 4,0 µg/mL. Adicionou-se padrão nas concentrações de 4,6; 5,0; 5,6 
Preparo:
5Foi preparada solução de norfloxacino 4 µg/mL em triplicata tendo concentrações baixa, média e alta, conforme segue:
Preparar solução da amostra de norfloxacino contaminado com o padrão para obtenção de solução de concentração final de 4,6 ¼g/mL conforme procedimento abaixo:
Pesar 74,7 mg de norfloxacino (pó das cápsulas), solubilizar em NaOH 0,1M, transferir para balão de 100mL. Degaseificar em ultra-som por 30 minutos. Da amostra, transferir 2 mL para um balão de 10mL, completando o volume com o solvente. Do padrão, transferir volumes de 0,3; 0,5 e 0,8 obtendo concentrações finais de 4,6; 5,0 e 5,6 ¼g/mL, respectivamente. 
As amostras foram analisadas por espectrofotometria. Foram calculados os valores percentuais de recuperação correspondentes aos níveis de concentração de cada uma das amostras contaminadas, em relação à concentração da amostra não contaminada, de acordo com a fórmula:
%R= (Ca Cna) x 100
Cp
Ca = Concentração adicionada de padrão
Cna = Concentração não adicionada de padrão
Cp = Concentração de padrão adicionado na amostra.

Tabela 7: Valores obtidos na determinação do teste de recuperação para Norfloxacino da farmácia B, utilizando NaOH 0,1M como solvente, a 273,0 nm. 

Tabela 8: Valores obtidos na determinação do teste de recuperação para Norfloxacino da farmácia C, utilizando NaOH 0,1M como solvente, a 273,0 nm.

Segundo a Farmacopéia Brasileira IV, para que o método se demonstre exato, é necessário obter um valor de recuperação no intervalo de 98 a 102%. A média das recuperações ficaram dentro desse valor de referência, demonstrando a exatidão do método.

6.1.6 Limite de Detecção (LD)

O limite de detecção representa a menor concentração de norfloxacino que pode ser detectada pelo método utilizado. É calculada multiplicando-se o desvio padrão de dez leituras do branco por 3 (três), e dividindo-se o resultado encontrado pelo valor da inclinação da curva de calibração.

6.1.7 Limite de Quantificação (LQ)

O limite de quantificação representa a menor concentração de norfloxacino que pode ser quantificada pelo método utilizado. É calculada multiplicando-se o desvio padrão de dez leituras do branco por 10 (dez), e dividindo-se o resultado encontrado pelo valor da inclinação da curva de calibração.
 
6.1.8 Determinação do peso médio

A determinação do peso verifica a uniformidade de peso das unidades de um mesmo lote. Foi realizada através da pesagem individual de 20 unidades de cápsulas do produto teste manipulado a ser avaliado obedecendo aos critérios estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira IV
Pesamos as cápsulas das farmácias (A, B e C) para verificar se estavam dentro do intervalo permitido de variação de peso médio, segundo critérios estabelecidos pela Farmacopéia Brasileira IV, que preconiza um limite de variação 
de 7,5 % para esta forma farmacêutica.

A farmácia A não estava dentro do limite permitido, apresentando um coeficiente de variação elevado, de 9,47%. Estas cápsulas deveriam ter sido reprovadas no próprio controle de qualidade da Farmácia de manipulação. As farmácias B e C estavam no limite permitido.

6.1.9 Doseamento

Foi realizado através de espectrofotometria de absorção no ultravioleta. Pesou-se e pulverizou-se o conteúdo de 20 cápsulas de Norfloxacino. Utilizou-se quantidade de pó equivalente a 50mg de norfloxacino e transferiu-se para balão volumétrico de 25mL com auxílio de ácido clorídrico 0,1M. Antes de completar o menisco, o conteúdo deste balão foi para o ultrassom durante 15 minutos. Após completo este tempo o menisco foi completado com o mesmo diluente e realizou-se uma filtração. Dilui-se, sucessivamente, até a concentração de 0,0005% (p/V), utilizando ácido clorídrico 0,1M como solvente. Preparou-se solução padrão na mesma concentração, utilizando o mesmo solvente. As absorbâncias das soluções foram medidas em 277nm, utilizando ácido clorídrico 0,1M para ajuste do zero. Após a leitura da absorbâncias calculou-se a quantidade de C16H18FN3O3 nas cápsulas.

Como o permitido é uma variação de 90 a 110% concluímos que o teor de fármaco contido nas cápsulas da farmácia A não estava dentro do intervalo permitido segundo a farmacopéia.

7 CONCLUSÃO

O método espectrofotométrico mostrou-se adequado para o doseamento de norfloxacino em forma de cápsulas de liberação imediata, considerando que a validação do método atendeu aos critérios da Resolução RE n° 899, de 29 de maio de 2003, da ANVISA. É possível a utilização dessa metodologia na rotina do controle de qualidade para a quantificação de Norfloxacino, utilizando-se NaOH 0,1M como solvente.
O trabalho demonstrou que duas das três farmácias analisadas tiveram suas cápsulas de acordo com as especificações pré-estabelecidas na literatura vigente. O doseamento das cápsulas da farmácia A mostrou-se fora dos parâmetros, o que já era esperado desde a realização do peso médio das cápsulas. Estas deveriam ter sido reprovadas no controle de qualidade, apresentando um CV de 9,47%.
Em síntese, confirma-se a extrema importância da validação de metodologia analítica para quantificação de ativos em formas farmacêuticas, uma vez que dados analíticos não confiáveis podem conduzir a decisões errôneas. Caso isso ocorra, as farmácias serão prejudicadas financeiramente e mais do que isso, a saúde do paciente ao qual o medicamento será administrado também será prejudicada

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Lei n 5991, de 17 de dezembro de 1973. Dispõe sobre o controle sanitário do comércio de drogas, medicamentos, insumos farmacêuticos e correlatos e dá outras providências. Diário Oficial da União da República Federativa do Brasil, Brasília, 19 de dezembro de 1973.
BRASIL. Agência Nacional de vigilância Sanitária. RE n 899 de 29 de maio de 2003. Guia para validação de métodos analíticos e bioanalíticos. Diário Oficial da União, Brasília, 02 de junho de 2003.
BRASIL. Ministério da Saúde. Resolução RDC n 67 de 08 de outubro de 2007. Aprova o regulamento Técnico que Institui as boas Práticas de Manipulação em Farmácias. Diário Oficial da União, Brasília, 12 de dezembro de 2006.
FARMACOPÉIA BRASILEIRA IV, 4ª edição, parte II, 1º fascículo, 2001, pág. 163.1. 
JUNIOR, M. S. G. ABC da Farmácia. São Paulo: Organização Andrei editora LTDA, 1992.
MARQUES, L. A. M. Atenção Farmacêutica em Distúrbios Menores, São Paulo: Medfarma, p.22, 2005. 
MIMS, C. et al. Microbiologia médica, 2 ª ed. São Paulo: Editora Manole LTDA., 1999, p. 221, 1999.
KOROLKOVAS, A. Dicionário Terapêutico Guanabara, ed. 2006/2007, Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. 
KATSUNG, B.G. Farmacologia Básica & Clínica. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 649- 651, 2003. 
SANTORO, M.I.R.M. Introdução ao Controle de qualidade de Medicamentos, São Paulo: Editora Atheneu, 1988. 
SILVA, P. Farmacologia, 6a ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p.1022- 1028, 2002. 
SMITH, D. G. G., ARONSON J. K. Tratado de Farmacologia Clínica e Farmacoterapia. 3 ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, p. 460, 2004.

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